A maior dádiva de uma criança é a sua
ansiedade. Nada poderia colocá-la em maior estado de empolgação, mantê-la mais
contagiante a quem está ao redor.
A ansiedade pelo primeiro dia de aula, por
acabar as lições de casa para então só pensar nas brincadeiras, a primeira
noite dormida na casa de um amigo, a chegada do Dia das Crianças, aniversário,
do Natal e do primeiro sorvete com a primeira paixão.
Na paixão adolescente, a ansiedade
empurra para a frente. Também puxa para baixo. Nos mantêm sorrindo durante horas
e horas de viagem só por sabermos que vamos passar um tempinho com quem
queremos. Ansiosos pelos 16 anos e a possibilidade do primeiro salário. Aos 18,
as aulas na autoescola e as primeiras freadas bruscas no carro do pai – com ele
quase enfartando no banco do passageiro, claro.
A maior dádiva da vida adulta é perceber
a ansiedade nos deixando aos poucos. A cada passinho que ela dá para fora de
nossos coração e mente, notamos imediatamente o ganho do aprendizado pela
consciência completa que temos de cada situação. Observação que só é possível
pela gentileza de a ansiedade nos deixar ter o controle sobre nós mesmos.
De repente é uma apresentação no
trabalho a qual você jamais se dedicou a algo parecido. O início de um
relacionamento com alguém que você sempre se imaginou junto. E se eu estragar
tudo? Não vai. Mantenha a calma. A ida da ansiedade deu lugar a essa dama que
entra aos poucos em nossas vidas.
A calma não controla, orienta. A suspeita
de uma doença será sempre uma suspeita até que a gente receba o diagnóstico. Suspeitar
é quase nada. O encontro com alguém que evitamos a vida inteira será somente um
oi casual, de longe mesmo, e as vidas, sua e dela, podem seguir sem, sequer,
uma mudancinha significativa.
Pode ser que a ligação de um indiano
falando um inglês bem ruim caia exatamente no seu ramal durante o trabalho.
Mantenha a calma. Dizer um eficiente “wait, please” nos dará tempo para
conseguir que alguém nos ajude ou encontremos outra solução.
Promoção e demissão. As duas sempre
virão. Cedo ou tarde. Com e sem avisos. Respostas que não vêm, mantenha a
calma. Em tempos de aplicativos que oferecem, inclusive, a informação sobre a
outra pessoa ter recebido ou não, lido ou não a sua mensagem, acalma-se. De que
adianta, não?
A qualquer hora, todos nós batemos o
carro. Ou batem na gente. Acharemos que estamos doentes de algo grave por
qualquer pintinha diferente que aparecer em nosso corpo. Resfriado que não
passa em quem tem uma vida agitada é Aids. Quem disse? Gripe é gripe.
Vão alterar a voz com a gente no
trabalho e a gente vai, sim, dar alguma ideia descabida momento ou outro. Calma.
Ria das bobeiras sérias assim que alguém retomar o assunto quando passado. O
boleto vencido sempre terá uma segunda via com a data atualizada para
pagamento.
Em tempos, nos acharemos uns nada.
Teremos certeza de que somos melhores que muitos. Mantenha a calma. Nada é somente
do jeito que é. Menos ainda a nossa única opção.
IMAGEM Forbes.com
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Comentários
Para todos os momentos de vidaça! rsrs Obrigado pelo comentário.
Que bom que curtiu. Obrigado demais. ;)
Eu acho que, quando criança, adolescente, eu era menos ansiosa e mais paciente do que sou hoje... rs. A ansiedade hoje me tira a fome e o sono. Isso em situações muito específicas.
Entretanto, concordo com você. A vida fica mais leve quando conseguimos manter a calma. Minha mãe diz: há sempre um jeito pra tudo, menos pra morte. E é verdade! ;)