Fico
impressionado com gente que vive vários amores. Com quem se casa três vezes –
mais que isso eu já desconfio. Com quem, aos 30 anos, coleciona quatro namoros relativamente
duradouros e marcantes. O equilíbrio entre relevância e quantidade dessas relações.
Eu não me vejo nesses números. Não odeio nem admiro tais perfis, só me despertam a curiosidade.
Se
os dois namorados que tive até estes meus lindos 29 anos me ensinaram tanto pela
convivência, o livro “Espero Alguém”, coletânea de crônicas do Fabrício
Carpinejar, me trouxe a leitura extracurricular indispensável para aumentar a minha visão
sobre relacionamentos e as muitas novas possibilidades – e recorrências, claro.
Logo
em seus dois primeiros capítulos, chamados de “O Fim” e “Reinício”, Carpinejar
escancara os seus sentimentos sobre o término do casamento e a redescoberta do
amor.
“O
Fim” reúne 16 crônicas – doloridas, realistas, com pitada de poesia – sobre o aparente fim
do mundo e o perder do chão que pode ser o término de uma relação. Alguém sempre
sai “menos bem”? Sim – para não dizer que um sempre se fode. As sequelas, as
lembranças, o passar dos dias sem a graça da vida, o preto e branco, e o dessabor
em tudo a nossa volta. Lindamente escrito de forma leve demais, no melhor
estilo Carpinejar.
O
capítulo “Reinício” é o ar entrando de novo no peito. São 18 textos sobre
voltar a se apaixonar, se permitir, comparações e novidades com relação ao amor
anterior, o sentimento de que nada nessa vida poder ser impossível de se
resolver.
No
restante do delicioso livro, os capítulos seguem com outros assuntos do dia a
dia, a infância do autor, coisas alegres, saudades e tudo o que pode se tornar
uma crônica muito bem escrita. E todas são.
Mas
essas duas primeiras partes me ganharam demais. É leitura para refazer
anualmente. Levar para a vida.
É a escrita
de quem vive o fim e o reinício com as mesmas intensidades. Carpinejar é do
tipo que se casaria vinte vezes se fosse provocado a isso. Não tem freio de mão
quando o assunto é viver, quando se trata de amar. Tudo com uma consciência
extrema de cada passo dado, cada reação provocada.
Recomendo
a leitura. E mais: recomendo uma dose de Carpinejar no jeito de a gente acordar a cada novo dia. Surte,
sim.
Comentários
É o estilo de escrita que gosto. Crônica com um toque de poesia, irreverência. Nossa, adoro demais! Fica muito saboroso o texto. Não dá vontade de parar de ler.
Quanto ao livro, baixei no dia em que você postou alguma coisa no facebook. Fiquei curiosíssima. Quero comprar o livro. Não gosto muito de ler no pc.
Bjão, Matheus!
Se quiser, te empresto o livro, Lu. Beijos.