Cinquenta Tons... em Branco

Acha que é só sexo com tapa na nádega e a palavra “mamilo” por toda a parte... Tapa de amor não dói, lembra? Mais um felizes para sempre da monogamia!





Não li os livros. Assisti ao filme. Por quê ir ao cinema? Curiosidade sobre o fenômeno que vendeu mais que Harry Potter – em filme, sim, a tal leitura não daria pra mim por maior que fosse o interesse em saber sobre o tal.

Na época não o li de tanto que vi e ouvi sobre o então recém-lançado livro. Meu primeiro contato com Cinquenta Tons de Cinza, me lembro bem demais, foi uma foto da atriz Lea Michele (Glee) em que ela andava por uma rua com o livro em mãos, publicada na revista Marie Claire, com um comentário do tipo “a puritana que interpreta uma adolescente na TV está lendo as tais páginas apimentadas”. De lá até – pelo menos – o próximo ano que estava por vir, o assunto estava em todos os círculos femininos – e assim eu conheci a história, em detalhes, mesmo não lendo o livro.

Eu sinceramente admiro a autora E. L. James – mesmo não tendo lido sequer uma frase cafona do tipo “a vontade da minha deusa interior dizia para eu...”. Pago pau para a mulher porque ela encontrou a receita perfeita para alimentar as mulheres sedentas de um romance perfeito: homem de beleza irreal, com dinheiro, hétero, inteligente, que te enche de mimos e... Tem pegada, ah, tem, muita pegada. Pronto. Rachou de vender! E eu achava que Nicholas Sparks era esperto em escrever para a mulherada. O cara já era.

E é esse tom romântico que a galera que comenta sem saber do que se trata a história perde. Acha que é só sexo com tapa na nádega e a palavra “mamilo” por toda a parte... No fim eles ficam juntos, gente! Eba! Tapa de amor não dói, lembra? Mais um felizes para sempre da monogamia!

No filme o romance todo ganha mais força. E, posso assumir, o filme não é ruim. Mas passa em branco. Pra mim passou.

Fui ao cinema pronto para destruir com o que seria exibido enchendo este meu texto sobre o filme com as palavras “tosco!” e “tosca!”. Mas não rola. Terminou e foi como se eu tivesse assistido à nada. Foram duas horas de um domingo e cinquenta tons de branco.

Se alguma cena me causou algo? Duas. A que Anastasia ganha, de presente de formatura, um carro zero do Grey – depois de ele já ter investido vários presentinhos pra ela –; e a outra em que a recém-ex-virgem desajeitada paga pra ver o sadomasoquismo do cara e então chora pela situação largando aquele projeto de homem dominador na mão e dizendo que ele nunca mais fará aquilo a ela.

Eu não colocava fé em nenhum dos dois atores protagonistas pelo o que tinha visto nos trailers mas Dakota Johnson cumpre o que precisa para interpretar a insossa da Anastasia Steele. Agora o Jamie Dornan deve estar neste momento enfiado em algum buraco se arrependendo de ter gravado como fez. O cara é bonitão – o conheço de Once Upon a Time como o caçador da Branca de Neve – mas não passa a menor pegada-macho-que-te-joga-na-parede ao se achar o Christian Grey.

Filme para fãs dos livros que vai pegar apenas mais algumas meninas carentes de um romance com “foda” em vez de “papai e mamãe”. Outros dois filmes para os outros dois livros? Pra que, gente?


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