Dá um medo pensar em doença, né? Sei lá,
comigo depende. Mas geralmente é assim: quando estamos super bem, saudáveis,
dispostos, quando acordamos cantando e tomando café na sacada, sempre parece
mais fácil falarmos de algo ruim do tipo. Por exemplo, quando a situação é esta
de bem-estar, rola algo como “ah, gente, o câncer é ruim, mas a gente tem que
aceitar com serenidade e, se lutarmos com otimismo, venceremos este aprendizado
e com certeza seremos pessoas ainda melhores depois da doença”.
Basta dar uma dor nas costas e a coisa
muda. Uma gripe que seja. É cair com febre na cama que o lance vira “nossa,
ainda bem que só estou com uma virose. Tem gente por aí que tem leucemia e ai,
credo”. Se o resfriado não passa, é certeza que quem não tem um deus arruma
para começar a orar e a pedir pela saúde de volta.
Meu último pesadelo se tornou penúltimo. O
câncer é infeliz, mas, pra mim, pior é o alzheimer. Gente, de repente, você
começa a falar nada com nada e não reconhece mais as pessoas. Perde o controle
sobre o seu próprio banco de dados. “Como-an-cim”?
Horroroso. Mas mesmo estando na categoria
“doenças filhas das putas que não temos como evitar”, estive pensando em uma
tão ruim quanto e que também nos mata diariamente sem que notemos: o excesso.
Nem polivitamínico resolve. Pode tomar
vitamina C até ficar laranja – um colega de um amigo diz que antes de ir pescar
toma três pastilhas e no outro dia mosquito nenhum chega perto. Anotou?
Sobre o excesso na minha capacidade mental,
leio tanto que já não sei qual colunista comentou o que ou onde tal assunto foi
publicado. Quanto mais filmes assisto, mais pronuncio errado os nomes do atores
gringos. Quanto mais gente no Facebook, menos eu guardo quem são com aquele
monte de nomes e a troca constante de fotos do perfil. Não é alzheimer mas é
tão muito demais que também está acabando com a minha memória.
Há pessoas fazendo tanta coisa ao mesmo
tempo que quando precisa escrever seu nome, erram. Se não acredita, pare de ler
e nunca mais procure qualquer conteúdo meu, pode ser? Porque agora será assim:
quanto menos, melhor.
Sou jornalista e não dou a mínima para
saber que profissional está onde e quem atirou em quem no Sudão. Se não me
interessa nem percebo. Se uma hora precisar, Google na necessidade de saber
algo.
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