Sono da tarde



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O costume surgiu ainda na infância. Estudava de manhã e à tarde eu estava livre. Uma bênção. Era chegar da escola, almoçar, fazer as tarefas e – sagradamente – dormir. Um cochilo no meio do período. O ritual diário “Eu durmo à tarde, sim!” ocorria também aos finais de semana e seguiu assim até a adolescência. Até eu arrumar meu primeiro emprego.

Trabalhava de domingo a domingo com direito a um dia de folga na semana. Estudava à noite.

Na minha folga? Entre outras coisas, dormia à tarde. Não sou anêmico, não. Esta não-atividade era um tipo de “Viverei até os cem anos” e durava pouco mais de uma hora – prefiro até dizer 60 minutos, pois dá a impressão de durar mais.

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Nos últimos meses fui a mais casamentos que festas badaladas. Nem digo que prefiro um a outro. Faço o perfil mais sossegado: filmes e livros, música e bate-papo em casa – mais comidas e bebidas, menos gente.

Vejo amigos casarem e organizarem “Chá-bar” ao mesmo tempo que entro de cabeça na vida a dois e passo a dormir todas as noites em cama de casal. Sem igreja – amém! – nem promessa de “até que a morte os separe” – glória a Deus, Senhor! – há alguns meses, as questões e mudanças que aparecem com a nova rotina do “morar junto” toma conta de 85,2% dos meus pensamentos.

A tarefa é desafiadora e meu único aviso para quem gostaria de dividir o mesmo teto é: dá trabalho.

A mudança, como qualquer outra, requer adaptações e tentativas. Não há receita a seguir e quanto mais regras impostas por amigos, igreja, sociedade ou parentes, pior é.

E este é o grande lance na vida de casado: bom-senso. Nada engessado nem empurrado amídalas abaixo.

Depois de cerca de 90 dias na nova vida, passei no período de experiência, ou melhor, passamos. Mas quem disse que isso conta? Falam que “o primeiro ano é o mais difícil”.

Momento clichê – A vida é uma nova chance diária e, enquanto nada é definido, todas as opções são válidas.

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Em meio a questionamentos, alegrias e adequações da nova forma de viver a dois, escrevo este texto após um ótimo fim de semana na casa dos meus pais. E digo que a melhor parte em aceitar as coisas novas é saber que seria idiotice abrir mão de velhos hábitos como um bom cochilo em um domingo à tarde. Acabei de acordar. Boa semana.
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Comentários

Anônimo disse…
Acho que nossa conversa de sexta-feira inspirou este post.
Ainda estou longe de dividir o mesmo teto, mas quanto ao cochilo da tarde....ahh que saudade!

Beijos, sucesso sempre!
Tinky!
Hehehe, cada coisa em seu tempo, Feju! Aff... outro clichê.

Thanks! bjouL.
Francine Ribeiro disse…
Matheus e as questões do amor! rs
Então vc entrou pro grupo dos que 'moram juntos'? Meu namorado e eu dividimos o mesmo teto já faz cerca de 2 anos. Passamos muito bem pelo desafio do primeiro ano. E também pelo segundo! rs
Dá trabalho, mas quando os dois estão na mesma sintonia e dispostos a negociar as regras da casa, tudo vai bem!
Sorte pra vcs!

abraço
Fran
Oi, Fran!

Curtiu a reflexão? Pois é, quase não curto o tema, né? Hehe.

Bom saber sobre a sua experiência, assim trocaremos figurinhas.

Um beijão e ótima semana pra você!
Unknown disse…
Theuzinho eu adoro o jeito que vc escreve. Mesmo as tragédias diárias parecem uma delícia. Mesmo os cochilos à tarde parecem grandes aventuras.

vontade de te dar um abraço de urso de tanta saudade.

beijos beijos.
Hehehe, que delícia, Fran!
LOK de saudade! ESPERM!

Marcaremos algoS.
Um beijo. Estamos sempre.
Este comentário foi removido pelo autor.
Rodrigo Ziviani disse…
Dormir e amar. Tem coisa melhor? E amar custa. Quando eh bom, a gente paga com gosto, neh? Bj.
Hehehe... concordo demais,
MONSTRO POETA! bjo.
Anônimo disse…
O que é bom que não dá trabalho? O trabalho existe para desfrutarmos do que é bom!
Um abraço
Rudsen
Tem razão, Rudsen. Coisas conquistadas facilmente não trazem o mesmo resultado.

Obrigado pela visita e comentário.

Abração.