Jornalistas criticam
foco das universidades
na formação para o mercado
Izabela Vasconcelos, de São Paulo
Para jornalistas reunidos no II Congresso de Jornalismo Cultural, o foco das universidades nas técnicas para o mercado pode ser um erro. Os profissionais enfatizaram a importância da prática, mas defenderam que os cursos de Jornalismo devem ensinar mais a pensar do que a fazer.
“A formação para o mercado pode ser uma armadilha. Muitas vezes, ao se ensinar a técnica, não se ensina a pensar”, afirmou Carlos Costa, coordenador do curso de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero.
O coordenador de Jornalismo da PUC-SP, Urbano Nobre Nosoja, acha válido o investimento das empresas em treinamentos internos, mas diz que a universidade não precisa ter esse foco. “É importante as empresas se definirem, criarem cursos específicos, mas nós não podemos nos ater a isso, nos orientar por um veículo, porque nos formamos para trabalhar para a sociedade”, defendeu.
Para José Luiz Proença, coordenador de jornalismo da ECA-USP, os cursos das empresas jornalísticas não representam uma ameaça para as universidades. “Esses cursos acabaram sendo entendidos como uma grande interferência nas faculdades. E essa é uma visão completamente errada”.
De acordo com Ana Estela de Sousa Pinto, editora do programa de treinamento da Folha de S. Paulo, as faculdades pecam na formação cultural, e ainda não cumprem como deveriam o ensino de técnicas da área. “O principal problema dos cursos de Jornalismo é que são muito longos e não se definem, ocupam um tempo que poderia ser usado na formação cultural, e gastam pouco tempo mostrando como selecionar, apurar e transmitir conteúdo. É triste ver estudantes de jornalismo que não sabem escrever um texto sem erro gramatical”, pontuou.
O coordenador de jornalismo da Universidade Metodista, Rodolfo Carlos Martino, explicou que, para atender essa necessidade da profissão e o domínio de várias linguagens, a universidade passa por uma reformulação, com a integração dos laboratórios/Redações. “Estamos fazendo laboratórios multimídia, um mesmo espaço para o rádio, o estúdio de TV, a agência de notícias, o jornal, mas são mudanças que têm gerado grandes polêmicas”, contou.
DIPLOMA
Todos os jornalistas reunidos ressaltaram a validade da formação específica para a profissão, mas muitos deles não consideram obrigatório. Edward Pimenta, coordenador do Curso Abril de Jornalismo, vê o diploma como algo positivo, mas não aprova a exigência. “Com a queda da obrigatoriedade do diploma, nós fizemos uma alteração no ingresso do curso Abril. Agora qualquer estudante recém-formado pode se candidatar. Não somos contra o diploma, muito pelo contrário, mas somos contra a obrigatoriedade do dele. 90% dos estudantes que chegam ao curso Abril são das grandes faculdades”.
O coordenador de jornalismo da Faculdade Cásper Líbero enxerga a formação como uma vantagem. “A formação específica é uma vantagem para ser jornalista. E eu não tenho dúvida que a regulamentação da profissão voltará”. Carlos Costa também completou que o momento é “ótimo para repensar” o que os jornalistas vieram “fazer no mundo”.
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Comentários
Ao meu ver a questao cultural, interesses sociais, etc, é algo que ja deveria ter sido trabalhado, ao meu ver isso é funçao das escolas. O universitario tem que chegar com sua opiniao formada a faculdade e nela quando cursa Jornalismo tem que aprender a como se abster da informaçao que ele passara, independente da sua opiniao pessoal. Nao precisamos fazer jornalistas pensarem, precisamos fazer jornalistas mostrarem ao publico que eles devem se questionar a respeito do que esta sendo mostrado. A questao sobre erros ortograficos, falta de sincronismo em redaçoes muito se deve por culpa dos proprios veiculos que preferem um mau profissional que tenha um "rostinho" mais bonito para aparecer na tv, do que um mais capacitado, sem falar no nepotismo e na politicagem que torna 99% dos veiculos midiaticos obscuros.
A principal funçao que deve ser discutida sobre jornalistas é como ele passara a informaçao a sociedade, que é o que deve ser focado e com isso a pratica e a tecnica entram em primeiro lugar e ao meuv er sendo ainda mais importantes do que "fazer pensar". O jornalismo é formador de opiniao e nao ter opiniao formada.
Rafael Martinez