Michael Jackson morre há dez anos



A primeira música que ouvi de Michael Jackson - e soube quem ele era - foi “Billie Jean”, ainda aos meus 6 anos. Antes mesmo de eu completar tal idade, na verdade, três anos antes de eu vir ao mundo, em 1983, Michael Jackson lançava a tal música que ouvi na rádio – mesmo nove anos depois de ser lançada como segundo compacto do álbum Trhiller, o disco mais vendido da história da música.
“Billie Jean” ainda tocava em 1992, e o já consagrado Rei do Pop nem se preocupava em “lembrar da vez” em que ele era negro, aos 5 anos, quando cantava e dançava com os irmãos, pois nesse momento, aos 33, Michael Jackson era branco, de cabelos lisos, rosto nem masculino nem feminino, e dançava em frente ao faraó Eddie Murphy em seu novo clipe “Remember The Time”.
No clipe de mais de nove minutos: a participação do ator hollywoodiano; efeitos especiais inovadores à época; sua dança imitada por muitos e ele é o único dos candidatos a entreter a esposa do faraó, a não ser mandado para os leões. Na vida real: o único a vender tantos discos; a ser homenageado e bajulado pessoalmente por presidentes e autoridades mundialmente respeitadas; a sair com quilos de troféus de diversas premiações; a reunir 45 dos maiores nomes da música norte-americana para a gravação de “We Are The World”; a mudar de cor de pele; a andar pra trás dançando como se deslizasse na superfície da lua com seu “moon walk”; a sair voando como um astronauta no encerramento de seu show; entre muitas outras surpresas que só um deus poderia fazer com o seu mundo, o da música. Michael Jackson foi e sempre será único e o maior artista POP que qualquer um já ouviu e ainda ouvirá.
Anos depois, o megalomaníaco desenfreado lança seu álbum de título humilde, “Invencible”. O invencível, então, não vence. Já havia convencido. Mas agora convencido, não convence. Não conseguia mais se superar. E então, artisticamente, Michael Jackson morre. O cara que me mostrou “Billie Jean” e muitas outras, não vivia mais.
A coisa que vive então é o magricela bizarro que sai em público com turbante, chapéu, máscara, cachecol, aquecedor de orelhas, óculos escuros e tapas e mais tapas partes. Igualmente ele fazia com seus filhos in vitro. In natura, aquele homem de “nariz postiço” dava pena e medo. Bizarro. Ridicularizado. Em vez de imitado, zombado. Em vez de músicas e clipes a todo o momento na TV e nas rádios, fotos e montagens comparando-o com personagens da refilmagem de “O Planeta dos Macacos”.
Fazer 50 shows em Londres, em julho de 2009? Impossível. Quem subiria nesse palco? O Michael Jackson, está morto há mais de dez anos.

Comentários

Rodrigo Ziviani disse…
Bom texto, Matheus. Mais triste do que a morte do cara é saber que a genialidade dele já estava enterrada há muito tempo. Mesmo assim, é ela que entra para a História. Abraço.