A sogra de Edjailson



Um genro que faz questão de conviver com a sogra, Edjailson visita a generosa dona Geni acompanhado ou não de sua esposa, Mara. Até fala da viúva para os amigos.
Todos os dias. No horário. Com o mesmo olhar. Chega Edjailson. Dona Geni o espera, sabe que ele vem.
Sai do trabalho para vê-la. Mesmo com o tempo curto - nem se senta no sofá talhado - Edjailson procura por dona Geni, espontaneamente, de segunda a sexta. Faz questão. São décadas de um casamento assim. Enquanto a setuagenária, não se comove.
Domingo. Dona Geni troca as gastas sandálias de dedo pela sapatilha de tecido cru e desliga a tv depois de um dia inteiro sem assisti-la. Cabelo arrumado, as duas cadelas e a gata de estimação na casa do irmão, e dois toques na buzina apressam-na. Outro genro, este, que foi presente da filha mais velha, Joana, desce do Chevete e vai até a sogra para colocar suas bolsas no assoalho do banco de trás do carro. No porta-malas: rolos de tinta e espátulas. Dito trabalha de segunda a domingo.
Dona Geni, com um vestido leve, usado pela segunda vez, fará sua primeira viagem de avião e só verá suas cadelas e gata daí cinco dias.
Segunda-feira. Sentado na praça com os amigos da empresa, Edjailson está curvado. Cotovelos apoiados nos joelhos, ele olha de lado para conversar com os outros três funcionários enquanto esperam o ônibus da empresa buscá-los em mais um fim de horário de almoço. O assunto? A saudade que sente de sua sogra já no primeiro dia de sua viagem.
“Não gosto de almoçar no ‘Restaurante Todo Dia’. E lanche no jantar, não me sustenta”, resmunga ainda na segunda-feira.

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