Autora de HP é PHoda




Ele rende assunto para muito mais que um post. Está tatuado no corpo de muitos jovens ao redor de todo o mundo. Apenas com sua imagem estampada em capas de livros, criou-se a personagem, o símbolo. A ficção mistura-se com a realidade.
A leitura não é hábito entre os brasileiros e muito menos entre as crianças do nosso País. Apesar da existência deste hábito em crianças de alguns outros, ainda é difícil imaginar uma delas sentada durante horas diante de um livro com mais de 500 páginas com nenhuma figura sequer entre elas.
Em fóruns e comunidades da web há depoimentos de jovens que ficaram cerca de sete horas seguidas lendo depois de ficar mais algumas horas em filas em frente às livrarias para comprar, ainda no dia de seu lançamento, algum dos sete livros da série Harry Potter.
J. K. Rowling, autora da série HP, deu uma década de leitura para crianças que nunca antes haviam entrado sequer na biblioteca de sua escola. Como?
Analisando os sete livros - terminei de ler o último a pouco -, arrisco alguns palpites. Harry Potter é uma criança - que se torna um adolescente ao longo da série - comum, que descobre um mundo de magia paralelo ao dele/nosso e que mesmo ao enegreça-lo continua sendo um tanto “trouxa” - nome dado às pessoas que não são nascidas bruxos -, não conhecendo por completo este novo mundo e não sabendo o que há nele, assim como o leitor deste primeiro livro da série, o que faz com que ambos caminhem juntos neste descobrimento.
A identificação com as personagens e com as situações é um ponto muito forte na série. Mesmo neste mundo de magia, os jovens, nascidos bruxos ou não, têm as mesmas dificuldades e necessidades de qualquer jovem comum. A autora apresenta personagens de todos os perfis, para que, nem criança, nem adulto, deixe de identificar-se com alguma característica.
O trio de protagonistas da trama é o melhor exemplo para representar os jovens de qualquer lugar do mundo. Hermione Granger é a aplicada aluna em todas as matérias e que possui alguns problemas ao tentar relacionar-se com as pessoas, manifestar seus sentimentos, e ainda sofre o preconceito por parte de alguns da escola (Hogwards) por não ter nascido bruxa, e sim “trouxa” - isso te lembra algo? -. Rony Wesley é o típico amigo de classe que insiste durante as provas escolares: “você sabe a resposta da pergunta dois? E da três? Já terminou a quatro?”; entende tudo sobre Quadribol - jogo tão importante para os bruxos quanto o futebol para os “trouxas” - e é extremamente infantil, mesmo aos 17. E para completar o trio, Harry é o intermédio, porém, um exemplo à parte.
Um garoto sofrido por ter perdido os pais ainda bebê e admirado por ter sido o único a ter sobrevivido a um ataque do Lord das Trevas, Voldemort, o bruxo das trevas mais poderoso do mundo mágico. Ele deu a volta por cima. É um herói.
As semelhanças não param por aí e, apesar de existirem, são trabalhadas pela autora de forma estratégica. É como se fosse colocado para o leitor: “existe no seu mundo, mas não é igual ao seu”. Filhotes de dragão têm dificuldade para dar os primeiros passos assim como os de um cachorro. O suco servido na hora da refeição é de abóbora e o refrigerante tido como bebida predileta entre crianças e adolescentes torna-se a irresistível “cerveja amanteigada” no mundo bruxo. Os chocolates têm formato de sapos que ganham vida ao saírem da embalagem que traz um adesivo colecionável de grandes bruxos, assim como os grandes jogadores de futebol, porém, nestas figurinhas, a personagem se move.
A história de cada volume tem começo, meio e fim, porém, revela gradualmente novas façanhas sobre a série que parece ter sido escrita de uma só vez. O sétimo e último livro traz revelações e ligações diretas ao primeiro, mesmo escrito após dez anos.
A autora de HP é PHoda: criatividade com base na realidade é o segredo de Rowling.

Comentários

Anônimo disse…
Parabéns! Adorei a forma como você explorou a autora e seus livros.
Acompanho o Harry Potter desde os 16 anos e vejo o quanto é emocionante crescer junto com um personagem.

Bjos

Roseli Zorzenon